sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Concepção


Só pode abusar
Quem vivo está
Só quer recuar
Quem ainda
não saiu do lugar


Por isso abuse, ouse
Sinta-se livre e com medo
Pois não há aconchego
Que dure tão cedo
Até que se estoure

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Efêmera beleza

       Viver é sentir, tanto o que for bom quanto o que for ruim. Absorver o que lhe convém quando tentam lhe fazer engolir goela abaixo falsas verdades. Ser bonito quando simplesmente transparece nos seus olhos e não pelo que vê em sua estética. Não tenho o que ensinar, quem aprendeu sabe, quem ainda não, a vida cuidará de fazê-lo aprender, com o tempo. Apenas reflita se sua vida será sempre linda, se sua beleza será eterna e se você terá que se esconder quando não tiver porque sorrir.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ensaio sobre a Felicidade

        Muitos acreditam que vimos ao mundo para sermos felizes, algo que até então eu também supunha. Contudo, partindo da reflexão de que, se fossemos totalmente solitários, apenas “eu” e mais ninguém, seríamos felizes? Partindo dessa indagação pode-se inferir que nossa felicidade depende de alguém e que, portanto, a felicidade de outros depende de nós.
        Enquanto buscarmos nossa felicidade de qualquer forma e a qualquer custo, estaremos sendo tão egoístas ao ponto de não percebermos que não somos felizes e ainda fazemos alguém infeliz.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

H²O


       O que vemos ao olharmos para a água? Vemos o que está ao fundo por ela ser transparente, ou vemos o que está à frente por ela refletir nossa própria imagem? Depende do que queremos ver, mas o que é certo é que talvez seja uma das substancias mais ricas em vida e também em interpretações que possa existir na terra. E para tentar entender a nossa própria existência, nada mais solúvel que começar por ela. A água, aquela que nasce, brota, permeia, corre, molha, inunda, reflete, difrata, dissolve e ao mesmo tempo te afoga, mas só se você não aprender a nadar.
       Somos feitos mais de 70% deste líquido poderoso, o que não posso deixar de dizer que, creio não ser por acaso. Esta fluidez que nos faz viver, que nos inunda, é a própria vida que corre por nossas veias e que, por mais límpida, pura e transparente que seja, às vezes, não conseguimos enxergar nada através dela. Viver e ver os ciclos das águas, para muitos, não quer dizer nada, mas para alguns poucos, é nítido que nossas próprias vidas também correm em ciclos. Nós nascemos, nos alojamos, somos aquecidos, esfriamos e até sublimamos em momentos sublimes. Quem nunca viveu uma tempestade em seu peito? Quem nunca derramou a água da vida pelos olhos de emoção?
       Vemos, mesmo que destorcido, que tudo corre, mesmo que por caminhos tortos, ao encontro algo muito maior, que é o mar. O mar que é o berçário de todos os seres, mesmo daqueles que se sentiram grandes o bastante para saírem de lá, mas que não conseguem viver sem ingerir um pouco de si. Sim, um pouco de si, pois se somos mais da metade feitos de água, nada mais justo que dizer que dela somos, que dela viemos e que ela continuamos sendo.  Basta saber que tipo de água pretendemos ser, límpida, pura, refrescante ou suja, turva, insalubre... O que não dá para não ressaltar é que, até nas águas mais limpas já se é difícil se ver, o que se espera das demais é que realmente nada se veja ou habite por lá.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Religião x Civilização // Fé x Atitude

      
      Por que é tão difícil conviver com o que foi criado por Deus e com o que foi criado pelo homem simultaneamente? Um não completa o outro, pelo contrário, se destroem, e também não deveria, já que a existência de cada um se justifica pela existência do outro. Como entender e aceitar a Deus e continuar vivendo nas chamadas civilizações em comunhão com tudo que destrói a Sua criação? Como entender e aceitar a sociedade e continuar vivendo a fé em Cristo sendo que essa mesma conivência e aceitação já lhe fazem um pecador? A definição melhor para toda essa falsa harmonia deveria ser hipocrisia ou resignação?
      Passamos a vida toda sendo ensinados a viver uma vida correta conforme os ensinamentos de Deus e Jesus Cristo e também como ser reconhecido e obter sucesso segundo as leis da sociedade e do capitalismo. Na minha forma de ver o mundo de hoje, não há espaço para as duas doutrinas, a não ser para os políticos ou aqueles que vivem cada qual em meios termos. Se fores seguir os ensinamentos do Pai, e seguir seus passos na humildade e na sabedoria, o melhor lugar seria mesmo a faculdade? E se fores seguir as leis da sociedade afim de obter o tão sonhado sucesso profissional, o melhor lugar seria mesmo a igreja?
      Vivemos em ciclos eternamente desconcertantes, até você realmente optar pelo seu caminho, a não ser que você não se importe em ter uma fé estremecida ou uma carreira mal-sucedida. Não que você não possa ter as duas coisas ao mesmo tempo, pode, mas em algum aspecto você estará se enganando. Ou você será um rico que finge seguir os preceitos de Deus, ou você será um pobre que finge ser bem sucedido.
      Sinto um enorme desconforto com essa situação, pois faço faculdade para ser um profissional de sucesso e fazer girar as engrenagens do capitalismo. Ao mesmo tempo, peço a Deus perdão pelos meus pecados, mas finjo que essa questão profissional não seja nenhum empecilho para os seus ensinamentos. Queria mesmo era ter nascido no campo e ter o trabalho de tirar da terra o meu sustento, mas como não sou filho de fazendeiro, nem isso eu tenho direito, ao menos que eu tenha dinheiro.
      Essas questões me assustam e me assolam, pois creio na minha fé e creio que como está não é o correto. Creio também que se eu fizer o que me parece certo, muitos irão me julgar como louco, e se eu fizer o que me parece viável, muitos me terão como hipócrita ou cético. Se Deus prevê a destruição de tudo que o homem criou, é que algo aí não está correto. Seja pela busca de todos pelo mesmo sucesso, seja pela comunhão com o capitalismo ou seja por todo resto indigesto. Por que precisamos esperar que Ele destrua tudo, através de nós mesmos, para entendermos o que é certo?